Por Kátia Cubel
Seja na iniciativa privada, no setor público ou no Terceiro Setor, todos nós, profissionais, atuamos dia a dia na construção da imagem que geramos para a opinião pública. Esse conceito é bem definido pelo vernáculo como reputação: o que os outros pensam a nosso respeito. E tem como sinônimos os verbetes estima, renome e fama. Segundo o livro “A Reputação na Velocidade do Pensamento”, escrito pelo meu querido amigo Mário Rosa, “a reputação não garante a escolha, mas a ausência dela pode servir como um passaporte para o descarte”.
Na prática, reputação é credibilidade. Sua construção é uma obra aberta, inconclusa, erguida dia a dia, instante a instante. Requer planejamento e cuidado. Credibilidade e reputação são essenciais para que empresas tenham clientes, políticos conquistem eleitores, ONGs recebam financiamentos, gestores públicos galguem cargos, profissionais alcancem sucesso, nações recebam investimentos externos e órgãos governamentais prestem contas ao seu principal patrocinador, o contribuinte.
Nos tempos recentes, há queixas recorrentes contra jornalistas e veículos de comunicação, atribuindo-lhes equívocos nas informações que veiculam. O foco dos detratores se mantém, em geral, no mensageiro. Com essa atitude, quem consome a notícia observa o dedo de quem aponta, em vez de olhar para a Lua.
Tendência em alta, tal comportamento ofusca o cerne da discussão. Há
preceitos fundamentais para cuidar do seu bem mais precioso perante a opinião pública, que é a sua própria imagem. Comunicação é ciência, é técnica, é ofício para profissionais, e tem pilares e métodos que transcendem o momento.
A receita elementar de uma comunicação sistêmica tem ingredientes fixos: o emissor, a mensagem (que é o fator principal), o receptor, os fatores externos, o contexto e a narrativa predominante. A eficiência de uma comunicação se mede facilmente: a narrativa predominante coincide com o que o emissor queria dizer e informar? Redes sociais e plataformas digitais são as ferramentas, o meio que agrega velocidade e alcance às mensagens produzidas. Amplia a visibilidade de erros e acertos.
Neste dia 03 de maio, em que se celebra em todo o planeta o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, é oportuno salientar que jornalista e profissionais de comunicação não são bonecos de ventríloquo. São profissionais especializados, que se prepararam para analisar dados, convertê-los em informação e, assim, produzir notícias. Há critérios técnicos para isso. E esses critérios difundem a mensagem produzida por um emissor, num determinado contexto, e sob a influência de fatores externos.
No mundo inteiro, a Imprensa é uma instituição reconhecida como de utilidade pública. Integra os pilares da democracia e da cidadania. Fomenta a ética e a transparência. É um instrumento de participação da sociedade em tudo o que lhe diz respeito. Atacar a imprensa pode ser um caminho fácil para quem não se preocupou em se posicionar adequadamente.
Quem precisa de reputação deve lembrar que tem sob seu controle apenas o próprio currículo, a formação acadêmica, o comportamento e a reação que manifesta em cada decisão que adota. Os demais ingredientes não lhe pertencem. E mesmo que a moda atual seja colocar em primeiro plano quem noticia, a reputação caberá sempre ao autor da mensagem, e não ao mensageiro.
Kátia Cubel, jornalista, é diretora de Comunicação e Relacionamento da Engenho Comunicação, mestranda em Neuromarketing, analista de redes sociais e marketing digital, palestrante e instrutora de comunicação. É presidente do Prêmio Engenho de Comunicação – O Dia em que o Jornalista Vira Notícia.
Fonte: Portal O Diário do Poder